Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2006
Hoje acordei o dia à noite que me negou o sono
Generoso, o sol, permite aos meus olhos
esta luxúria de luz e cor nos telhados
da cidade despertada, ainda desgrenhada,
num espelho de telhados remirada.
Espreita-me o Castelo nesta ousadia
sinto-o austero, o olhar desapiedado em mim cravado
refluindo minha morna agonia
adiada...como tudo em mim...pelo sol enganador
breve intermezzo dos ímpios
entre a culpa e o patíbulo.
Encho-me de ti,
Esplêndida, bela como só tu,
toda em arremesso Cobarde!!!
Puxo de um cigarro, mais um,
adio miserável a culpa, mais uma,
estrebucho entre patéticas justificações do ser
natura e contra-natura, sem versus,
e ridículo, pequeno, engulo a 2ª bica.
Sossobra o grito em mim, tremebundo,
em regresso ao ventre materno
Mãe, eu não sou um homem!!!
e na corrente desta culpa arrasto-me indigno
dos regaços que roguei e me lambuzei,
de mentiras e omissões...
de ti....das palavras que não te disse.
Puxo outro cigarro
Mas tudo me sabe ao travo acre,
à agonia da tua ausência,
ao martírio de te saber achada noutro
que em ti gozará toda a palavra.....
- Deus meu, como és bela de razão vestida!! -
Levanto-me, caricato, sem remissão, sem tabaco.
À hora dos pregões matinais,
na cidade inteira troa a minha COBARDIA.
@utora: Over_The_Rainbow
De Anónimo a 23 de Fevereiro de 2006 às 10:07
Over... fiquei tua fã! E olha que eu não sou de idolatrar santos com pés de barro :) Parabéns, escreves muitissimo bem.. BeijinhosEssa_Miuda
(http://www.sonhadorainata.blogs.sapo.pt)
(mailto:Essa_Miuda72@hotmail.com)
De Anónimo a 22 de Fevereiro de 2006 às 10:47
Gostei bastante deste silêncio :) beijos da Princesacpluma(princesavirtual)
(http://www.princesavirtual.blogs.sapo.pt)
(mailto:plumacaprichosa@hotmail.com)
De Anónimo a 21 de Fevereiro de 2006 às 18:05
ola amiga. tenho um desafio pra ti. passa pelo meu blog sff. beijo *Carlos
(http://www.carlosunno.blogspot.com/)
(mailto:carloshenriques@sapo.pt)
De Anónimo a 21 de Fevereiro de 2006 às 13:46
A prova de que escreves de modo único é que mesmo antes de ver o "nome" do autor já estava a adivinhar de quem se tratava. Para além da beleza das palavras e do modo como "contracenam" entre si, este texto tem a beleza de nos fazer reflectir e de nos estimular a tirar-mos as nossas próprias conclusões... tanto talento merecia total divulgação... ou se calhar, nem todos merecemos ler-te ... um beijo de amizade ;)Vlad
(http://naoha3semduas.blogs.pt)
(mailto:thevlad@sapo.pt)
De Anónimo a 21 de Fevereiro de 2006 às 12:53
Não faço ideia como é sentir que a cobardia encerra sentires do que nunca se disse. Acredito que não seja fácil lidar com coisas que ficaram por dizer. Cada um saberá dos seus motivos, mas o que não se diz por cobardia, ficará sempre com gosto a algo não vivido, digo eu, que me considero suficientemente corajosa para não me perder em palavras que não disse. Uma das coisas que me tocou de forma muito intensa no teu poema, foi o facto de conseguires escrever na pele do sexo oposto, com o sentir que tu consegues de forma quase inigualável. Ainda a propósito deste teu texto, cada um escolhe para si o seu caminho, bem de quem consegue chamar cobarde, bem de quem se consegue ver como tal. O facto de se sentir assim...poderá ser um ponto de partida...para novos recomeços, com mais frontalidade, com menos omissões. Minha querida, tenho que te deixar um beijo explicito, que por não ser omisso certamente te tocará na Alma ::)))igara
(http://www.bloguiando.blogs.sapo.pt)
(mailto:igara@sapo.pt)
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