Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2006
Passas e é silêncio. Vejo-te e só os teus olhos falam, Reflexos de um passado; De outros silêncios, De outras palavras. Foi amor? Foi muito mais. Mas nada ficou... @utor:Templ
Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2006
Nesse momento , ...em que os nossos sonhos ... ...se tornarão realidade... Desejo que o silêncio... ...sussurre mil palavras . E dir-te-ei no silêncio de um beijo... ...envoltos num abraço... ...o quanto te quero! Que nesse momento... ...fale apenas o êxtase dos nossos corpos... ... o brilho dos nossos olhos. E que no silêncio da paixão... ...perdidos na fusão... ...desse desejo que nos une... ...consiga ouvir-te dizer: Fazes-me Feliz ! @utora: Cassiopeia
Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2006
Hoje acordei o dia à noite que me negou o sono Generoso, o sol, permite aos meus olhos esta luxúria de luz e cor nos telhados da cidade despertada, ainda desgrenhada, num espelho de telhados remirada. Espreita-me o Castelo nesta ousadia sinto-o austero, o olhar desapiedado em mim cravado refluindo minha morna agonia adiada...como tudo em mim...pelo sol enganador breve intermezzo dos ímpios entre a culpa e o patíbulo. Encho-me de ti, Esplêndida, bela como só tu, toda em arremesso Cobarde!!! Puxo de um cigarro, mais um, adio miserável a culpa, mais uma, estrebucho entre patéticas justificações do ser natura e contra-natura, sem versus, e ridículo, pequeno, engulo a 2ª bica. Sossobra o grito em mim, tremebundo, em regresso ao ventre materno Mãe, eu não sou um homem!!! e na corrente desta culpa arrasto-me indigno dos regaços que roguei e me lambuzei, de mentiras e omissões... de ti....das palavras que não te disse. Puxo outro cigarro Mas tudo me sabe ao travo acre, à agonia da tua ausência, ao martírio de te saber achada noutro que em ti gozará toda a palavra..... - Deus meu, como és bela de razão vestida!! - Levanto-me, caricato, sem remissão, sem tabaco. À hora dos pregões matinais, na cidade inteira troa a minha COBARDIA. @utora: Over_The_Rainbow
Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2006
É na Brandura desta pele em que me visto,
Que te busco como a Noite busca a Lua
Que te entrego a Alma e não resisto,
A dar-me assim de Corpo e Alma Nua.
E no silêncio em que me Vês em tal entrega,
Em que me sentes o Pulsar do Coração
Tens por certo pertencer-me Eternamente,
Serei Eterna até ao fim da Imensidão.
Que passe o tempo por mim e não o sinta
Tal como a chuva cai em ciclo infindo
Buscar-te-ei sempre a todo o instante
Aninhada em teu sentir, no teu caminho!
@utora : Serpentealada
Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2006
Lá do alto consigo ouvir a musica do oceano. A água a bater na praia rochosa, canta só para mim. Fecho os olhos e respiro fundo, relaxando cada vez mais á medida que respiro. O calor começa a preencher o meu corpo, vindo lá do fundo onde reside a minha alma. O calor aumenta, Mais, E mais, Enquanto sinto o corpo a flutuar. Como se estivesse a voar, sinto-me subir. Para cima. Para o alto. Mais alto. Como se estivesse a levantar voo. Já não sinto os pés no chão, foi substituído pelo vento a soprar através dos dedos dos pés. È um vento acariciante, uma brisa suave, confortável. Agora o calor dentro de mim é mais forte, e parece envolver-me, de dentro para fora, E de fora para dentro. O calor e o vento, juntam-se como amantes. Confortando Abraçando Vivos. Agora sinto dedos, acariciando a cara. Um roçar amoroso na fronte, Depois nos olhos, Na bochecha, Nos lábios, No pescoço. È impossível descrever por palavras, apenas existem emoções agora. Sentimentos de submissão, de entrega a este prazer. O meu prazer o nosso prazer. Os dedos do vento abraçam os meus ombros, e sinto-me seguro. O calor que vem de dentro traz tranquilidade, a este momento agradável. Sinto os dedos a acariciar os braços, o calor sobe rapidamente pela espinha. A paixão tem muitas formas, mas esta é a mais completa. O calor e o vento abraçam-me, apertando-me. Deixo sair um suspiro de contentamento, e concentro-me em cada detalhe deste momento. A minha respiração acelera-se. E o meu corpo rende-se ao teu toque. @utor: Man_Of_Adventure
Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 2006
Dia de aniversário Quando acordou, acordou com 40 anos. Estranha sensação aquela
de ter 40 anos e não se sentir nos 30 sequer. Parecia-lhe faltar tanto
tempo, tantas coisas, tantos sonhos por realizar, objectivos por
cumprir, etapas a vencer. Não era assim que imaginara ser, ter 40
anos. Se calhar apenas se recusava a envelhecer. Um estranho feitiço
impedia-o de envelhecer. Sentia-se como alguém que está sempre
sóbrio.
Como se vivesse no meio do vinho mas nunca o bebesse. Se calhar
devia beber de vez em quando. Se calhar de vez em quando devia
trocar a sobriedade pela audácia de não ficar sóbrio. Peculiar forma de
acordar aquela. De acordar e de viver. Tinha adormecido a reflectir
sobre o silêncio, ou melhor, sobre os silêncios. Chegara à conclusão que
existem muitas formas de silêncio. O silêncio absoluto, concluiu, não
existe, pelos menos em vida. Mesmo no espaço, onde à partida
poderíamos pensar que não ouviríamos nada, ouvimos sempre pelo
menos o bater do nosso coração.
A sua experiência de um silêncio agradável leva-o para momentos em que, na ausência de ruído, somos envolvidos por aqueles sons que normalmente são ignorados. Leva-o para uma encosta afastada de uma aldeia, onde o silêncio é o som do vento na erva dourada de uma paisagem de verão, é o som de um lagarto que nessa mesma erva se move em direcção a uma pedra onde ficará a aquecer-se, é o som dos chocalhos das vacas que não vê mas sabe que pastam num lameiro do lado oposto daquele monte, de uma abelha que passa perto com as patas carregadas de pólen, que no seu trabalho de obreira desenvolve também, sem saber, um trabalho de poeta, sendo portadora de Sonetos de Amor entre as flores e a responsável pelos frutos que daí resultam. Que maravilhoso silêncio o destes sons.
Mas existiam mais silêncios. O silêncio da solidão, no meio do barulho da multidão. O silêncio da ausência de respostas. O silêncio entre dois. Fixara-se mais neste último. Nunca fora dos que achavam que quando duas pessoas estão juntas o silêncio por ausência de conversa é um embaraço, que significa que já não existe nenhum tema entre eles, que se esgotou o tempo daquele encontro ou daquela relação. Sempre achou preciosos os momentos de silêncio entre dois. Momentos em que podiam disfrutar de cada um ao pormenor, onde podiam saborear o detalhe de cada expressão, de cada contorno do rosto, de cada brilho do olhar, de cada tom da face. Parecera-lhe sempre que o silêncio entre dois era mais o oposto. Quando falamos apenas para nós próprios porque gostamos de nos ouvir, quando deixamos de ouvir o que o outro diz porque já estamos fartos, quando falamos circunstancialmente e nem nós próprios nos ouvimos, quando
quando ficamos distraídos e deixamos de ouvir a música para ouvir apenas os ruídos. Esse sim era o silêncio que o assustava.
Mais silêncios haviam. Adormeceu a tentar fazer uma compilação de
silêncios. Peculiar forma de adormecer aquela. De adormecer e de
viver.
@utor: The_Vlad
Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2006
Nos dias dos desencontros, O desencanto é maior! Cala a dor o Mar infindo, Tece-se duro o destino. E em gritos que se calam Nas palavras que não digo Dou passos lentos, seguros Para traçar o meu caminho. Mas a angustia que me fica Do silêncio que emudece, Torna o Coração bravio, Pois de lutas sem sentido Silencia-se e fenece! Fica o silêncio apenas Marejado de memórias Lembranças boas e más Que salpicam levemente, De brilhos, as minhas histórias.
Quinta-feira, 9 de Fevereiro de 2006
Acabastes de transpor a porta e o silêncio já fere. Nunca, como hoje, a madrugada teve o sarro amargo de um copo vazio. Esvaziei-o e voltei a enchê-lo com o fluido que entorpece os meus receios. Sim! Começo a calar os meus medos de forma artificial: nicotina, cafeína, álcool, anti-depressivos e, não raras vezes, aquelas revistas que nos instruem a manter a chama da paixão sempre viva e a garantir ad eternum o amor das nossas vidas. Pelo menos, o amor daquela vida mais premente, a que urge dar resposta antes que termine a próxima época de saldos.
Basicamente, sinto-me apreensiva e não atino com os motivos para tamanha apreensão. Rejeito a ideia de que te perdi definitivamente, pelo que, acredito não ser essa a causa do meu desassossego. Empresto um sorriso desbotado aos meus lábios ressequidos pelo ar frio da manhã e dissimulo o incómodo de mais um dia vazio em perspectiva. Duvido que algo inesperado aconteça. Teimo em abandonar o aconchego do leito e aninho-me no limite da minha realidade ficcionada.
Desde que galgastes a soleira da porta que o silêncio ensurdecedor do apartamento ressoa nos meus ouvidos. Há dias assim, em que o vácuo nos abocanha por dentro e as vísceras se contraem em espasmos continuados. Sente-se um ardor febril, a cabeça a latejar, a exaurida vertigem a empurrar-nos para um hipnótico redemoinho de cores o Circo da Vida!
O desconforto ganha contornos reais. Assobio em esforço. Recito um poema que assimilei numa fase arrojada da minha vida. Trauteio uma música já gasta. Ironicamente, constato a minha aversão ao tema. Desisto. Abdico de simular o indisfarçável. O silêncio entranhou-se, definitivamente, nas paredes da casa. Pouco mais há a fazer que deixá-lo escorrer pelas divisórias, inundando-as de sombras profícuas aos fantasmas do tempo.
O último ruído audível ocorreu antes de atravessares o limiar do hall de entrada e deixares para trás a derradeira melodia daquilo que fomos. E o que fomos? O que somos ainda? O que significaram tantos e tantos momentos de doloroso afecto? Qual o preço a pagar por palavras desmesuradamente excessivas? A redundância de sentimentos será o fim da viagem?
Saístes sem pestanejar, madrugada fora. O último som, escutei-o, enquanto a claridade matinal teimava em abrir caminho pelas frestas esfusiantes da janela do quarto. Pareceu-me ouvir-te dizer à distância: Preciso de paz
É urgente o silêncio das palavras. Contudo, não tenho a certeza que tivesses proferido o que quer que fosse.
Compreendo agora o sentido da blasfémia porque já não te escuto. Na verdade, poucas vezes te escutei na correcta acepção do termo. Ouvia-te mas nunca te escutei. Erro crasso, basilar até para quem absorve as previsões dos horóscopos e crê piamente nos vaticínios ditados por ascendentes pouco auspiciosos. Sempre gostei de beber as minhas próprias palavras e raramente me esforcei para entrar no teu comprimento de onda. Vejo-o agora, nitidamente, como quem vê desfilar na tela as cenas do seu filme favorito no qual, a heroína, é a única personagem com direito a legendagem.
As horas sucedem-se desde a toada final. Enrodilhada na roupa da cama não consigo adormecer. O meu estado é o de vigília dormente. Na tentativa de me manter atenta ao mínimo som que ecluda da imensidão do prédio, revisito o passado, uma e outra vez. Estranhamente, a única figura que gesticula na passerelle do pretérito, sou eu. Vejo-te indistintamente sentado no sofá da sala, os olhos espetados no televisor, uma expressão de cansaço latente, o semblante mortiço e carregado e uma paciência infinita na forma como ainda procuras forças para me sorrir.
Inauguro o nosso dia de forma ostensivamente rotineira, exigindo atenção, relatando as carências emergentes que me assolam, misturando sentimentos como quem faz um batido de fruta, e no fim, esquece os ingredientes que originaram aquela fusão explosiva.
Extenuada, emburrada, desolada, acabo por adormecer.
Desperto de um sono fatigante com a sensação de não estar sozinha. Sinto-te perto. O hálito quente e adocicado a aproximar-se da minha face. Estremeço. Recuso abrir os olhos com receio que te esfumes no silêncio das palavras. Sinto agora a tua boca, o teu beijo, o teu calor. Sei que estás aqui. Sei que nunca atravessastes a soleira da porta. Sei que podemos recomeçar. Sei que podemos dar sentido a todos os amanhãs, em silêncios bastantes, em palavras excessivas, em amor que não cede a contratempos exíguos. Enfim, regressastes! A sinfonia de sons que ocupa o espaço lírico da minha alma, não deixa lugar a dúvidas
@utora : Essa_Miúda
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Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2006
Gosto de ler no silêncio das tuas palavras o odor desconhecido da tua voz perdendo-me no tempo em que lavras o teu carinho no termo "nós" Gosto de sentir o silencio das tuas consoantes, partilhando com as vogais o mesmo espaço, afagando meu corpo como ventos escaldantes deslizando sobre mim passo a passo Se o grito do nosso silêncio se ouvisse entre o cruzar do nosso singelo olhar se o bater dos nossos corações se sentisse trocava contigo os silêncios da palavra "amar" @utor: Fangel </blockquote>
Segunda-feira, 6 de Fevereiro de 2006
Joana olhou, tristemente, para o relógio. Passavam alguns minutos das 6 horas da tarde o que equivalia a dizer que tinha terminado mais um dia de trabalho. A perspectiva do regresso a casa não se lhe afigurava minimamente atractiva.
Estimada pelos colegas de trabalho e pelos superiores, Joana esquece o excesso de trabalho, sente-se feliz no meio deles e as horas que passa na empresa são, para si, as melhores horas do dia. Solta-se, descontrai-se, brinca e sobretudo apetece-lhe rir. São as únicas horas do dia em que consegue rir, e isso é motivo mais que suficiente para se sentir ali bem. Quando o dia caminha para o final deixa-se invadir pela tristeza, a inquietação invade-a e a revolta cresce. Joana é uma mulher infeliz.
Casada há vinte anos com um homem que amou intensamente no passado, e que ajudou a subir na vida, esta mulher pagou caro o amor que lhe dedicou, os sacrifícios que fez, as privações que se impôs. Incentivou-o a prosseguir o seu curso de direito que abandonara ao fim do primeiro ano, e abdicou de muita coisa que uma mulher jovem, bonita e recém casada teria todo o direito de usufruir, desde restrições monetárias à própria vida social. De tudo abdicou por amor do homem com que casara, convencida que passados os anos necessários para terminar a licenciatura, ainda estaria a tempo de recuperar o tempo perdido. Sonhava que então tudo iria mudar.
Joana acreditava que a sua vida mudaria quando o marido conseguisse finalmente concretizar o seu sonho: exercer advocacia. Acreditava, e tinha razão para acreditar, na realidade as coisas começaram de facto a mudar
mas para pior. A formação cultural e académica que o marido conquistara afastara-o dela. A diferença era notória e ele começou a sentir algum embaraço por isso. Do embaraço à vergonha foi um pequeno passo, da vergonha a indiferença um outro ainda mais curto. A traição chegou logo a seguir.
As discussões, as provocações, os vexames., os insultos e a indiferença não demoram muito a chegar. A vida de Joana transformara-se então num verdadeiro inferno. Já não sorriam, não falavam, e já mal se olhavam. A verdade é que já quase não se podiam ver. Eles já não se suportavam. Em seu redor cresceu o silêncio.
Joana ao volante do seu Peugeot regressava a casa taciturna e pensativa, com uma disposição idêntica ao do condenado a caminho do cadafalso. Era assim todos os dias. Ao passar junto da Torre de Belém parou o carro e foi sentar-se num banco à beira rio, contemplando as águas calmas que um pouco mais além se lançariam na imensidão do oceano. Desejou ardentemente mergulhar naquelas águas e deixar-se levar para bem longe, ganhando distância daquele inferno em que se transformara a sua vida. Não sabe quanto tempo ali esteve olhando o rio sem o ver, só sabe que quando acordou do seu torpor era já noite fechada. Estremeceu um pouco. Em casa o marido decerto que estranhara já o seu atraso de cerca de três horas, mas sabia que isso não o incomodara minimamente. Aliás estava convencida que ele respiraria de alívio se ela não voltasse nunca mais. E quantas vezes estivera já tentada em fazer-lhe a vontade, mas não seria ainda hoje que isso iria acontecer. Havia de ser um dia, mas não podia ainda saber quando. Um dia!
Ao entrar em casa perto das 10 horas da noite, viu o marido sentado no sofá lendo tranquilamente um livro. À sua entrada não esboçou a menor reacção, nem levantou a cabeça para olhar para ela. O silêncio foi total. Joana subiu ao quarto e lançou-se sobre a cama deixando que as lágrimas se soltassem abundantemente dos seus bonitos olhos negros e chorou convulsivamente. O silêncio que reinava naquela casa estava longe de ser um silêncio reconfortante, daqueles que nós temos muitas vezes necessidade sentir à nossa volta. Aquele era um silêncio doloroso e desesperante. Um silêncio que dói. O silêncio agressivo da indiferença. O silêncio ruidoso da solidão.
@utor: Pinochio
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