Terça-feira, 31 de Janeiro de 2006
Sempre, aos domingos. Abraçados, eu e estes restos de tarde num conluio de silêncios a espreitar do fogo e do azul a folia. Queda-se ainda o olhar turvo na fresta do sobejo do dia à hora do manto da rainha. Muito ao longe, dobram os sinos pela morte do dia, e nós aqui, de coração atado entre-portas, enfiamos contas incertas e floridas no colar de nós de tempo. Estremece a fé nestas horas de lume e prata e contudo, incorpóreos, desfiamos o rosário da vida. No chão de urze das almas inquietas chovem às vezes pétalas de ternura oferenda de um resto de Deus para o caminho.....onde as mãos se abrem a outras mãos, e são lenha a crepitar na fogueira, a oração muda entoada num só peito. Antes da palavra, rolará uma lágrima pelo abraço que se sabia. Antes da Palavra e do Verbo as almas cansadas pisarão o mosto, amassarão o sonho.. e no silêncio cumprirão a profecia! À mesa sempre posta da vida...levarão o pão e o vinho. Autor@: Dolce-Fare-Niente </blockquote>
Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2006
height=321 alt="crying darkness.jpg" src="http://bloguiando.blogs.sapo.pt/arquivo/crying%20darkness.jpg" width=375 border=0> Tenho na alma o silêncio de mim. Falo, grito, brinco... mas o silêncio que se combate dentro de mim, é tão maior, tão mais intenso...Escuto com atenção todos os sinais da sua libertação. Mas não o consigo libertar. Não consigo combater este silêncio, tão mais poderoso, tão mais forte do que a minha vontade.... De que adianta lutar, debater-me desesperadamente... se o silêncio permanece impávido... sereno, e tão desconfortavelmente inquietante.... Mas porque existe este silêncio em mim? Que silêncio é este que provoca a solidão da minha alma? Que silêncio pode ser tão grande, que ousaria roubar-me o espirito? E se este silêncio vencer o meu desespero aprisionando-me perpetuamente dentro de mim? Espero um dia gritar, gritar alto, muito alto, fazer ouvir a minha liberdade... Abrir os braços, respirar fundo e poder dizer: Hoje deixei de ouvir, o grito do Silêncio... Autor@: A.Feiticeira
Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2006
Acaso já sentiste
O silêncio em meu peito?
Ou quando dormes em meu leito
Já sentiste solidão?
Acaso já sentiste
O silêncio profundo do mar?
Ou quando escutas o seu ondular
Te surpreende a emoção?
Acaso já sentiste
O silêncio das mais belas roseiras?
Ou as intensas fragrâncias que cheiras
Parecem nunca se calar?
Acaso já sentiste
O silêncio de estar extasiado?
Ou o teu pulso bate descompassado
Sendo quase ensurdecedor?
Acaso já sentiste
Que o silêncio não existe?
Pois se o nosso amor resiste
A tudo o que viveste, choraste, sentiste,
Ninguém o poderá silenciar!
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<CENTER><IMG height=330 alt=PONTE.jpg src="http://bloguiando.blogs.sapo.pt/arquivo/PONTE.jpg" width=360 border=0> <FONT <CENTER><FONT color=#336633 size=4><STRONG><EM></EM></STRONG></FONT> </CENTER>
<DIV align=center><FONT color=#336633 size=4><EM></EM></FONT> </DIV>
<DIV align=left><FONT color=#336633><EM></EM></FONT> </DIV>
<DIV align=left><FONT color=#336633><EM> <FONT size=4> </FONT></EM><FONT size=4><STRONG> </STRONG></FONT><FONT size=3> Ela sempre tinha entendido os silêncios. Aprendera a entender as palavras que não se diziam. Sempre lidara com as ausências e com meias palavras, não sentindo nisso constrangimentos nem perdas. Não entendia este mau estar súbito que este silêncio lhe trazia. </FONT></FONT></DIV>
<DIV align=left><FONT color=#336633></FONT> </DIV>
<DIV align=left><FONT color=#336633> O dia prometia chuva, o céu cerrado, fazia antever um dia húmido. Mas a necessidade de se evadir, foi maior que os receios de ser apanhada pelas fortes bátegas. Saiu, sem destino, confiando que algo a levaria a algum lado, não importava qual, nem importava como. Caminhou apenas.... </FONT></DIV>
<DIV align=left><FONT color=#336633>Deparou com um banco, de pedra, ladeado por buganvílias, com vista para o Tejo. Aquele era o lugar, aquele era o destino dos seus passos. Sentou-se e demorou-se na paisagem, fitou cada pessoa que passava, tentando adivinhar pensamentos, tentando discorrer sentidos. Deixou-se envolver em pensamentos mansos, sentia alguma paz, por fim! Não havia passado muito tempo, ele chegou! Chegou e sentou-se a seu lado. Ela conhecia-o bem. Sabia que o tremor que ele sentia, nada tinha a ver com o frio. Ela sabia quando ele evita olhá-la nos olhos...sentia-lhe a Alma como ninguém! Ele tentou algumas palavras: Desculpa, nada disto devia de ser assim....nunca nos devíamos ter achado.... Ela, que não lhe recusava um olhar, procurou-o, calou-lhe as palavras colocando-lhe o dedo indicador sobre os lábios. Psiu, não digas nada, jamais, mas mesmo jamais, nada nos afastará...sinto-te em mim, chega-me, nunca te pedi mais que isto, não terás nem deverás dar-me o que não te peço!. A chuva começava a fazer-se sentir....de inicio, gotas esparsas mas que iam aumentando rapidamente de intensidade. Ela despertou! Não estava ali ninguém com ela... Correu a refugiar-se num dos muitos cafés da zona. Entrou pediu um café e sentou-se. Entre o aroma que o café exalava e os pensamentos que lhe convergiam sorriu. </FONT></DIV>
<DIV align=left><FONT color=#336633></FONT> </DIV>
<DIV align=left><FONT color=#336633> Afinal continuava a conseguir entender os silêncios. Afinal, o mal não é seu! Afinal, era apenas mais um silêncio, um silêncio maior que os outros, um silêncio que precisava de mais tempo para ser escutado,nada mais! </FONT></DIV>
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Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2006
Ora bem, como já tinha prometido há uns tempos, voltamos a lançar um novo repto. Desta vez o tema é o "Silêncio". Peguem nas canetitas, nos deditos, no que fôr, libertem a imaginação...e escrevam-me. Terei muito prazer em vos publicar por cá. Gostamos muito de vos ler...ficamos a aguardar. Para quem ainda não sabe, o Email é igara@sapo.pt. Escrevam escrevam...nós publicamos!!!! Beijos
Terça-feira, 24 de Janeiro de 2006
O que fazer,
Quando surge vontade de escrever,
Mas as palavras teimam não aparecer?
O que fazer,
Quando temos tanta coisa para dizer,
Mas emudecemos em palavras que teimam
Em se perder....
O que fazer,
Quando o brilho que era intenso e cristalino
Perde a cor... e se esbate no destino...
O que fazer,
Quando asas se abrem mansamente,
Tentando abarcar o que é ausente...
O que fazer,
Quando o silêncio é mordaz
Cala o amor, a dor a paz....
Sim...
Alguém me diz o que fazer?
</blockquote>
Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2006
Canto para não chorar
E o choro que me abraça
Bem cedo despedaça
O sentir, o viver, o lutar.
Canto para não chorar
Quando as mágoas sofridas
E as dores bem sentidas
Violentam o meu pensar.
Canto para não chorar
A vida que não escolhi
Que me foi entregue a mim
Sem hipótese de me afastar.
Canto para não chorar
A emoção desesperada
De estar sozinha, abandonada
Num mundo de pesar.
Canto para alegrar
O coração que ainda bate
Que resiste que se debate
Com o dilema de amar.
Terça-feira, 17 de Janeiro de 2006
Vou dizer-te agora, Os brilhos com que te pinto Vou falar-te das estrelas Onde te encontro! Vou falar-te do bramir manso Que calam palavras que não dizes. Vou falar-te do meu coração Que vibra a cada sentir da Alma. Vou fechar os olhos, Para sentir o sabor dos teus beijos. Vou alentar-te no peito Com as canções onde te invento. Vou gostar apenas de saber Que nada haverá no mundo, Que me faça sentir o meu Mar, No enorme desejo sentido, De apenas Te achar!!
Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2006
Ainda me recordo como se fosse hoje. Parece que o vejo surgir ao longe trazendo às costas o peso de uma vida. Vida cansada, suada, sofrida, porém vivida com toda a força e ânimo que é possível na vida de um pescador.
- Então amigo Zé, como é que correu hoje a faina do mar? Ergueu a cabeça e fixou os olhos no vasto oceano e respondeu resignado:
- Ele há dias...a rede lá me ficou! Vou ter que trabalhar com afinco pois amanhã também é dia e a barriga não espera!- encolheu os ombros e retomou a caminhada em direcção à sua pequena cabana.
- Irei consigo! Mostre-me o que fazer, quem sabe poderei dar-lhe uma mãozinha... Olhou-me nos olhos como se estivesse a achar estranho o meu interesse repentino pelas suas lides, franziu o sobrolho e retorquiu:
- Vem lá comigo, que isto de fazer redes não é arte que se aprenda num dia.
Chegámos perto da cabana onde existia uma pequena casa de arrumos e de lá de dentro o velho Zé fez surgir um emaranhado de fios de nailon azuis e brancos que por momentos me fizeram desejar nunca me ter oferecido para tal empreitada.
O Ti Zé lá começou enrolando os fios à volta de um pau ovalado, que segundo mais tarde me explicou, tinha sido por ele próprio talhado, em dias de malagueiro quando não podia sair ao mar. Explicou-me que os primeiros nós da rede são como os alicerces de uma casa. Deveriam ser fortes e resistentes de malha fechada por forma aos peixes não darem luta mas suficientemente grandes para o mar não a levar. Depois de dados os primeiros nós ela lá foi tomando forma e o Ti Zé lá me foi ensinando os jeitos de a tecer. Olhava-me de olhos fundos. Aquele olhar que se ganha apenas quando a vida se revela árdua. Imaginei o que pensaria de mim, como é que eu lhe surgia no pensamento. Os meus pensamentos eram entrecortados pelas indicações que ele me ia dando por olhares, ora de concordância, ora de desagrado. Por ali ficamos horas esquecidas pouco falando mas vendo surgir lentamente o ganha pão desse meu inesperado companheiro e professor das artes do mar. No final do dia, agradeceu-me, com um sorriso aberto. Não me agradeceu certamente a ajuda, uma vez que me revelei incapaz de tecer 3 nós seguidos. Penso que me agradeceu a companhia e o esforço. Deixou-me uma concha em sinal de agradecimento. De quando em vez ainda a olho.
Hoje o filho do Ti Zé, perdeu-se no Mar. As redes que tecera, não o largaram...
Hoje, coloquei a concha num fio, vou usá-la em breve, assim que a tristeza der lugar ás memórias doces desta lembrança!
Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2006
Ninguém ao certo me conhece
ou me viu passar nas lonjuras do celeste
ou nos brandos arvoredos.
E contudo...sou tão do longínquo
como da baixa ramagem.
Sou. O grito da gaivota no céu,
o silêncio morno da terra adormecida.
A boca que morde, o beijo que demora,
A mão que afaga, que dá e que tira.
Sou. A Obra e a Obreira.
A corda que amarra e o nó desfeito.
Sou. O Mel e o Fel.
Feneço aqui e ali para meu canto elevar.
Sou cruel.
Tempero a palavra amarga com sal,
alastro a ferida e te pergunto,
quase gentil, sem direito,
como estás?.
Tempero fogo com frio,
poção de trevas e luz.
Sou. A aurora e o olhar que a vigia.
Meu segredo, quem o adivinhou?
....Quem alcançou minha prece?
Nestes temperados contrários,
avesso, direito e adverso,
ninguém sabe quem sou...
se o espelho e a imagem,
se o choro e o riso.
Sou. A que parte e a que fica,
a lágrima de fugida num qualquer cais.
Absurda sensação de tudo e nada reunir!!!
Assim Ser e Não Ser.
Que Ser? Serei?
Mil vezes abro a boca...e nada digo.
Nos vossos olhos semeio sorrisos
que ganho ao tempo
em troca de beijos adiados....
Neste (in)verso... me sinto doce,
como um fruto novo.
Na mor quietação da alma,
pressagio, apenas,
...saber ao que vim!
@utor: Over_the_Rainbow
</blockquote>